Ciência

E o vento levou…

 

MeridianiPlanum_H1_595Não é só a Europa que sofre com as cinzas lançadas por aquele vulcão de nome impronunciável na Islândia. Marte também sofre, ou sofreu bem recentemente, com o problema de cinzas vulcânicas. Ao menos nesse caso, não há atrasos nem cancelamentos de voos: as sondas em órbita de Marte estão todas com seus horários confirmados.

Esta bela imagem de Marte, obtida pela câmera estéreo de alta resolução da sonda Mars Express, mostra um efeito curioso. Retrata o Meridiani Planum, uma planície que fica na borda nordeste das terras altas de Marte e que tem o tamanho aproximado da Ilha de Chipre. Essa planície está a meia distância entre a região vulcânica de Tharsis e as terras baixas de Hellas Planitia. Mesmo em telescópios modestos é possível notar que se trata de uma região estranhamente escura, em comparação com o terreno avermelhado de Marte. A planície foi escolhida para ser a referência geográfica de Marte, ou seja, é como Greenwich na Terra, a referência-zero das longitudes passa nessa região.

A foto mostra três grandes crateras de impacto no sentido diagonal, as duas mais abaixo formando até um “8”. O curioso dessas crateras é que as duas mais acima têm uma coloração escura, como resultado de um incêndio. Não foi exatamente um incêndio, mas a coloração representa o acúmulo  de materiais compostos basicamente de minerais como piroxina e olivina, semelhantes à composição de cinzas vulcânicas. Dá até para perceber qual a direção predominante dos ventos nessa região, que sopram na direção da cratera menor.

O material escuro está no fundo de uma cratera de impacto com 50 km de diâmetro e as partes mais leves desse material foram levadas pelo vento até a cratera menor de 15 km, aproximadamente. Dá para perceber que ela se acumulou na borda superior. Estranhamente, a cratera mais abaixo, com uns 34 km de diâmetro, está limpa do material, o que sugere que não é muito profunda, de modo que não há condições para acumular material.

A origem desse material todo é incerta. Suspeita-se que tenha sido trazido da região vulcânica de Tharsis, mas não há certeza ainda.

Lagartos entram em extinção mundial por causa do aquecimento

Bichos são ‘sensores térmicos’; 40% das populações devem sumir até 2080.
Com participação de pesquisador brasileiro, estudo sai na revista ‘Science’.

Do G1, em São Paulo

Fêmea de 'Sceloporus mucronatus', espécie com baixa temperatura   corpórea, portanto altamente suscetível ao aquecimentoFêmea de 'Sceloporus mucronatus', espécie com baixa temperatura corpórea, portanto altamente suscetível ao aquecimento (Foto: Barry Sinervo / Science)

Um grupo de 26 cientistas de 11 países, entre os quais um brasileiro, concluiu que os lagartos já cruzaram o portal das extinções em massa, por causa do aquecimento global. Além de um certo limite de elevação da temperatura, eles simplesmente não estão conseguindo se adaptar. Os pesquisadores calcularam que 40% das populações locais serão extintas até 2080. Em termos de espécies, 20% vão desaparecer até lá, caso o padrão de emissões de gases-estufa siga na mesma toada. Na avaliação dos especialistas, muitas das extinções projetadas para 2080 até podem ser evitadas, caso finalmente haja esforços de fato (e não apenas declarações de intenções) para reduzir emissões. Mas o cenário para 2050 é “provavelmente inevitável”, sentenciam.